O bebê nasceu ! E com ele, tantos sentimentos pra contar…
Quando eu estava grávida, algumas pessoas me alertaram que muito provavelmente eu não o amaria de cara. Que o amor, dificilmente, seria o primeiro sentimento a florescer e que eu sentiria muita culpa por isso. Eu, de verdade, achava isso bobagem. Como eu não iria ama-lo? Como algum outro sentimento poderia ser maior do que esse? Eu não me sentiria culpada porque não haveria outro sentimento, senão o amor, em meu coração!
E quando JP nasceu, percebi que não era tão bobagem assim. Ao pegá-lo nos braços, logo depois de sair do centro cirúrgico, ainda na sala de recuperação, eu olhava aquele serzinho, tão saudável e indefeso, tão pequeno e com olhinhos tão doces, e pensava: “Meu deus, cadê o amor que eu nutri, durante esses 9 meses?”. Eu senti medo, muito medo. Aquele pequeno dependia 100% de mim para viver. Naquele momento eu era, no sentido mais ‘pé da letra’, o mundo de alguém! Alguém que não sabia falar, se expressar, se fazer entender. Eu senti um misto de sensações e não consegui definir exatamente onde o amor entrava ou saia… Não era bobagem, ali mesmo me culpei e chorei pela primeira vez por ter medo do que viria pela frente – eu mal sabia que choraria outras infinitas vezes por esse ou outro motivo.
Os dias foram passando, a oscilação dos hormônios do puerpério junto com o cansaço extremo do primeiro mês não me deixava muito lúcida, mas no olho daquele furacão de fraldas trocadas, noites mal dormidas, mamadas, banho e umbigos curados não tem como se manter lúcida mesmo. Entendi os conselhos que me deram, eles faziam sentido.
Enquanto tocamos nossa vida, dificilmente temos alguém dependendo tanto de nós, demandando tanto nossa atenção. Então, quando engravidamos começamos uma jornada de aprendizados que nunca termina. Aprendemos a dar atenção exclusiva desde quando sentimos os primeiros chutes, ainda na barriga. Esse processo nos prepara, aos poucos, para tudo que está por vir… O medo é um estado de alerta. É dessa forma que aos poucos, criamos coragem para enfrentá-lo.
Eu, de verdade, não acho que o medo diminui ao longo dos nossos anos como mães. Eu continuo tendo muitos medos, dúvidas e me questiono muito, mas o amor que cresce nos encoraja a enfrentar tudo pelos filhos. Viramos mães elefantes para aqueles seres indefesos que dependem de nós para tudo. Aos pouquinhos, eles vão se ‘libertando’ e nos ‘libertando’ dessa dependência. Vemos isso quando eles começam a crescer e aparecer, e nós continuamos protegendo-os para que evoluam de forma segura, com todo amor e com aquela pontinha de dúvida ao deitar – Como será o dia seguinte? Quais ensinamentos iremos enfrentar? .
Como me disseram, eu sempre repito: não se culpe por todos esses sentimentos que sobressaem no inicio. O amor está lá! Aos poucos cada sentimento vai tomando seu lugar, nas suas devidas proporções, até que alguns parecem nem estar mais lá, de tão pequeninos que voltam a ser.